Li recentemente a biografia sobre Jim Morrison, Ninguém Sai Vivo Daqui, um best seller com mais de 2 milhões de exemplares comercializados. O livro teve sua primeira edição lançada em 1980, e a tradução a que tive acesso foi lançada por aqui em 2013, pela editora Novo Século. A edição é bem cuidada e não apresenta erros consideráveis de tradução e digitação.
Foi co-escrito por Jerry Hopkins e Danny Sugerman, dois jornalistas de grande relevância no mundo do rock. Hopkins é autor de uma consagrada biografia sobre Elvis, além de ter escrito sobre outros bastiões como Jimi Hendrix e David Bowie. Sugerman foi fisgado pela música dos Doors ainda na adolescência, quando começou a trabalhar no escritório da banda respondendo a cartas de fãs. Incentivado por Morrison, que gostou de sua escrita, passou a escrever sobre música e aos 15 anos teve seu primeiro artigo publicado pela revista Cream, uma das mais prestigiadas publicações da época. Aos 26 publicou esta biografia, e até hoje é assessor, porta-voz e representante da banda.
O livro está estruturado em doze capítulos (sem contar prefácio, epílogo e posfácio) divididos em três partes: O ARCO É RETESADO, sobre a infância e adolescência de Morrison, seu encontro com os outros músicos e os primeiros dias da banda; A FLECHA VOA, sobre o apogeu de criatividade e popularidade; e A FLECHA CAI, sobre as crises e eventos que levariam ao término do grupo e à morte de seu líder.
Não é nenhum segredo que Morrison é um dos maiores letristas e frontmen da magnífica safra dos anos 60, nem que à frente da banda The Doors ele se tornou um dos maiores – talvez o maior? – ícones e símbolos sexuais do mundo do rock. Seus excessos também são conhecidos, principalmente pelos fãs que já assistiram ao filme sobre a banda estrelado por Val Kilmer e produzido por Oliver Stone (que, a propósito, utilizou este livro como principal fonte).
No entanto, sendo esta a obra original utilizada de base para o filme de 1991, ela oferece uma oportunidade de mergulhar mais fundo e conhecer ainda mais detalhes sobre o homem e a banda que deixaram discos históricos e que realizavam verdadeiros shows rituais, onde levavam o público a uma espécie de transe coletivo.
Um dos exemplos de como certas curiosidades são tratadas de forma mais minuciosa aqui, são as informações adicionais sobre as premonições de que Jim entraria para o “clube dos 27”, ou seja, dos artistas de rock que morreram com a fatídica idade. Pouco antes dele, Brian Jones, Jimi Hendrix e Janis Joplin também haviam nos deixado precocemente. O livro explora não apenas como era a relação – pessoal ou afetiva – de Morrison com estes três, mas também a forma como ela se relacionava com a ideia de sua própria morte.
Ótima pedida pra quem quiser entender melhor o contexto cultural dos anos 60 e saber um pouco mais sobre uma das maiores lendas do rock, nascido James Douglas Morrison, o King Lizard, que cunhou para si a alcunha de Mr. Mojo Risin’ (um anagrama de Jim Morrison).