NESM conferiu o Musical Belchior: Ano Passado Eu Morri, Mas Este Ano Eu Não Morro, que passou por São Paulo em janeiro deste ano e voltará em setembro, e neste ínterim faz uma turnê por várias cidades brasileiras.
Assisti a peça no Teatro Liberdade, que é muito bonito, tem ótima acústica, e é uma das mais novas opções de lazer no centro da cidade, um bem vindo espaço cultural para a realização de espetáculos deste porte.
A montagem impressiona pelo apuro técnico e sensibilidade. Belchior é interpretado por Pablo Paleólogo, que por vezes parece incorporar espiritualmente o artista e tem um timbre impressionantemente parecido e convincente, e por Bruno Suzano, que interpreta o jovem Belchior através de monólogos que se interconectam com a parte musical.
Suzano também chama a atenção por apesar de muito moço, revelar maturidade suficiente para dar verossimilhança ao papel, e é responsável por alguns dos momentos mais marcantes da peça, como nas cenas com a mala de retirante e com o barquinho de papel.
Todas as frases ditas, seja nas canções ou na parte cênica, foram realmente ditas ou escritas por Belchior, e foram retiradas da entrevistas concedidas a jornais, revistas, rádios e TV’s, revelando uma pesquisa primorosa e garantindo um mergulho na alma poética – e política – de Belchior.
A obra de Belchior, embora ele não estivesse interessado em nenhuma teoria, é permeada pela reflexão sobre a sociedade e sobre as questões levantadas por seu tempo, principalmente os anos 70.
Deste modo, uma peça que retrata sua obra não conseguiria – nem poderia – deixar de dialogar também com o tempo presente, e as músicas mostram toda sua relevância e atualidade.
A banda merece um destaque a parte, formada por músicos experientes do circuito de musicais, tendo se mostrado extremamente entrosada e atenta às dinâmicas sonoras que realçam as mensagens.
O musical tem tudo para agradar a todos os públicos, mesmo aqueles menos conhecedores da obra do compositor. Mas para os fãs de Belchior, é uma verdadeira porrada no queixo.
Ao término da encenação, não consegui conter a emoção e as lágrimas, e fiquei alguns minutos embasbacado na frente do palco. Alguns dos integrantes da banda voltaram ao palco depois dos agradecimentos finais, e a baterista Emília veio direto conversar comigo.
A troca energética entre artistas e espectadores é sempre muito grande, e Emília havia percebido do palco a forma como me deixei imergir. Mesmo depois de uma performance arrebatadora, ela foi muito simpática e solícita, tendo me passado o contato dos produtores.
Conversamos então com os diretores cênico (Pedro Cadore) e musical (Pedro Nêgo) da peça, que trouxeram informações e detalhes imperdíveis. Confira!

Pedro Cadore, diretor musical e produtor do espetáculo:
Pedro, como surgiu a ideia e a concepção do espetáculo?
A ideia do espetáculo começou a aparecer na minha cabeça em outubro de 2018, em plena eleição. As coisas estavam muito difíceis, muito complexas, eu tava vendo famílias brigando… E eu já estava escrevendo uma peça, chamada Brazil, com z, que falava sobre um garoto que queria sair do lugar que ele tava. Queria sair do país, devido à pressão que ele estava tendo, e todas as confusões mentais.
Eu comecei a escrever a peça, e de repente me surgiu este convite, pelo produtor João Luiz Azevedo de montar um musical. De cara me veio o Belchior, por causa da sua história de 10 anos de sumiço, então eu fui atrás deste mistério, foi a primeira coisa que me veio, assim como o trecho da música, “Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro”.
Começando a ouvir mais as músicas do Belchior, eu já conhecia algumas, mas não conhecia muitas, me veio muito Na Hora do Almoço, que ele fala (Pedro cantarola): “No centro da sala, diante da mesa, no fundo do prato, comida e tristeza, a gente se olha e se toca e se cala, e se desentende no instante em que fala”. Quando eu ouvi esta música, e eu não conhecia ela, eu fiquei “gente, mas é o que tá acontecendo hoje, né?”. Várias famílias brigando, várias famílias rompendo laços, por causa de política, por causa de valores políticos.
E de repente eu comecei a ouvir o Belchior, e ele começava a gritar contra os valores políticos. Ele não pensava nem de um lado nem de outro, ele pensava quase de uma forma anarquista, como se nós, a população, o povo, tivéssemos que nos preocupar com a gente. E por a gente. E por valores como amor, valores como a liberdade, valores como a arte, a arte na vida das pessoas. E a arte como potência transformadora da vida.
Então, eu me encantei demais pelo material, me encantei muito pelas palavras dele. E a partir disso a gente decidiu fazer uma organização de textos, eu digo a gente porque foi eu e a Cláudia Pinto… E uma observação curiosa é que Cláudia Pinto seria minha mãe (risos)…
Então ela começou no processo como uma ajuda, por causa das músicas, porque ela era muito fã do Belchior, ela viveu os anos 70 ouvindo Belchior, nos anos 70 e 80. Então ela começou como uma ajuda para as músicas e eu acabei trazendo ela pra me ajudar no texto, porque ela também é pesquisadora e me ajudou muito nesta pesquisa de organização de textos.
E adendos importantes à primeira pergunta, que eu acho importante comentar, é que quando eu e a Cláudia começamos a separar estes trechos de textos do Belchior, isso de entrevistas de rádio, entrevistas de TV, entrevistas de jornal, a gente de cara bateu numa entrevista dele em que ele vira e fala que muito mais importante do que a vida pessoal do artista é o seu trabalho artístico.
Então quando isso bateu, foi quase impossível pra gente não abandonar a ideia inicial que eu tive, dos 10 anos, do mistério. Porque não era sobre isso que o Belchior queria que o público soubesse, não é a fofoquinha de jornal, sobre com quem ele está, ou onde ele está.
Ele queria que as pessoas ouvissem a sua palavra, ouvissem o que ele tinha a dizer. E curiosamente, em 2019, 2020, estamos voltando a ouvir coisas dos anos 70, dos anos 60, então Belchior acabou sendo fundamental. Uma coisa muito legal que uma professora de teatro minha, e uma grande atriz, que foi assistir, chamada Guida Viana, premiadíssima, ela comentou comigo como seria importante ter o Belchior hoje em dia falando.
Será que ele não voltaria pra falar coisas? Ficamos pensando… Então o espetáculo acaba vindo com esta potência, trazer de volta as palavras do Belchior, que são super atuais, tão dizendo o que o mundo precisa ouvir hoje, talvez.

No dia que assisti (domingo), o tecladista usava um boné do MST, e a saxofonista, uma camiseta com os dizeres “Lute como uma mãe”. A escolha do elenco teve como pré-requisito certa afinidade com a música de Belchior, ou ao menos com o sentido político de sua obra?
Como eu comentei na primeira resposta, eu comecei a pensar na peça no período eleitoral, e começamos a ensaiar já em 2019. Pra estrear no começo de abril, no teatro João Caetano, aqui no Rio de Janeiro. Então quando eu chamei as pessoas, eu já mandava o texto pra elas e falava: Olha, é uma peça que tem um cunho político, então acho interessante as pessoas saberem do quê que é tratado(risos).
Ainda mais porque como eu falei, a gente tá vivendo um período muito difícil, em que as pessoas estavam discordando muito entre umas e outras. E nos últimos anos a gente falava que não tava tão dividido, que a gente não sabia o que era direita e esquerda, pareceu que de uma hora pra outra estes conceitos começaram a ficar super extremos, né? Então sempre achei muito importante falar com as pessoas sobre o quê que era o espetáculo, e mostrar o que era.
Quanto às “bandeiras”, que você viu no espetáculo, elas não acontecem todo dia, mas é algo que eu particularmente gosto. Principalmente porque são bandeiras populares, assim como o Belchior tinha, ele não levantava bandeiras políticas, ele acreditava nas bandeiras populares e na força do povo.
Então, pra mim é muito importante ter, por exemplo, a nossa saxofonista, que é uma mãe de duas filhas, e quando ela chegou no teatro com a camisa Lute como uma Mãe, eu achei quase impossível não ter ela no palco com aquela camisa, representando aquelas palavras.

Em relação ao repertório, como se deu a seleção de canções? Tem gente que fica brava por sua música preferida não ter sido incluída?
A escolha das músicas começou a partir do meu gosto musical e também de uma troca junto da Cláudia pra saber também as músicas que seriam inevitáveis ter. Por exemplo, é impossível fazer um espetáculo do Belchior e não ter um Como Nossos Pais, não ter um Medo de Avião, por exemplo, não ter Paralelas, Coração Selvagem… Fui fazendo esta lista, tinha mais ou menos umas doze músicas que não tinha como não ter, e outras a gente foi escolhendo também de acordo com o texto, com o que dizia a dramaturgia, um segmento da história.
Eu tenho certeza que as pessoas podem ficar insatisfeitas por não ter uma música ou outra, é normal, eu mesmo fico em outros espetáculos, eu mesmo (risos) adoraria ter certas músicas no espetáculo, mas o espetáculo tem que contar algo acima de tudo, tem que servir à dramaturgia.
Então muitas escolhas foram a partir disso também, por exemplo, a gente tem a música Populus, que é uma música um pouco desconhecida pro grande público, apesar dela ter sido de um dos grandes discos dele, que ele fez no Coração Selvagem, só que ela acaba se encaixando muito bem no nosso espetáculo por alguns elementos. Ele tem o elemento do socorro, ele termina com o grito do socorro, que é uma das imagens mais emblemáticas do Belchior, naquele vagão de trem.
Ele tem também uma citação ao poema do Drummond, Congresso Internacional do Medo, que é uma das maiores influências pro Belchior, Belchior não era um compositor apenas, ele era um poeta de fato, e muito disso se deu por causa de sua influência de Carlos Drummond de Andrade.
Além disso, Populus é uma música que tinha que ser a música de abertura do disco Alucinação, só que foi censurada em plena ditadura, e ele não conseguiu lançar a música no Alucinação. Então quando ele foi lançar o Coração Selvagem, um ano depois, ele já tava numa condição de um grande ídolo e não conseguiram parar ele, ele obviamente mudou coisas da letra, e lançou no Coração Selvagem.
Então por conta desta história também e de todos estes elementos, acho que é quase impossível, me bateu que seria impossível não ter esta música também, e eu acho que aparece como um elemento interessante, surpresa, assim como a música Conheço Meu Lugar, que fala do cidadão comum. Então por nós usarmos este personagem, seria muito importante nas músicas também falar deste personagem.
Mas apesar de saber que as pessoas podem ficar um pouco bravas e chateadas de não ter uma ou outra música, eu acho que elas ficam muito felizes com o resultado, porque elas sentem esta dramaturgia linkada. Não é só os textos que contam a história, as músicas dentro do espetáculo também contam, também tem a sua função dramática.
Então eles vem o espetáculo da primeira à décima quinta música super coerente. Então ele dá uma sensação de círculo fechado pelo menos, então acho que as pessoas saem satisfeitas (risos). Mas vamos ver, vai que tem um “Belchior 2” pra botar um Comentário a Respeito de John, Divina Comédia Humana, Fotografia em 3 x 4…
Cartaz da montagem em São Paulo, realizada em janeiro de 2020
O que envolve a montagem de um espetáculo deste porte em termos de produção?
Primeiramente muito boa vontade das pessoas (risos). Fazer arte é muito difícil, e fazer arte sem dinheiro é mais complexo ainda. Então a gente precisa muito que os artistas estejam engajados com o trabalho. Estejam felizes, estejam satisfeitos, então a gente conta com um time incrível, que comprou a peça de uma forma linda, eu acho que isso é o mais importante pra acontecer.
E sobre o termo material, o mais difícil é sonorização, que conta com um material muito caro, tem que ser perfeito, já que estamos falando de um musical, então acaba sendo o grande custo, e talvez um dos maiores inviabilizadores para estarmos em outros lugares, assim como passagens aéreas. Então estes são os principais que envolvem uma montagem. Mas acho que primeiro de tudo o amor das pessoas pelo trabalho, sem isso ele não aconteceria.
E como é levar adiante um projeto desta magnitude sem nenhum apoio estatal ou patrocínio de empresas?
É uma responsabilidade imensa levar as palavras do Belchior adiante. E a resposta acaba vindo muito forte do público. Porque o Belchior, ele chegava muito longe nas pessoas, no interior do interior do ser humano, no coração, na alma.
Então as pessoas, principalmente as que viveram a época do Belchior, elas sentiram aquilo ali no corpo, e a resposta delas com a peça é a mais linda possível, é uma resposta emocionante, muitas pessoas choram, muitas pessoas gritam durante o espetáculo…
A gente já teve uma sessão que uma pessoa do público terminou a peça! Falando a última fala da peça! Ele já conhecia tudo que o Belchior tinha falado, olha que doideira! Então, esta resposta do público que nos mostra a responsabilidade que é levar Belchior.
E sem dinheiro, sem apoio, estas perguntas… Na verdade a gente faz porque realmente não tem (risos). Eu queria que tivesse, mas ao mesmo tempo também eu tenho vários amigos que me colocaram isso: como é bonito ver um espetáculo do Belchior assim, simples, assim como o Belchior era. Então será que precisávamos? Será que tínhamos que fazer um espetáculo com muito dinheiro? Às vezes não, às vezes o espetáculo é este mesmo.
Não tem nada mais bonito que depois de ouvir tudo o que Belchior tem a dizer, de todas as palavras, a gente ver que o espetáculo só aconteceu devido ao público. O público acaba se tornando patrocinador do espetáculo, e no nosso caso não só patrocinador, como assessoria de imprensa. Porque este espetáculo depende muito do boca a boca. Então a reação do público ao final do espetáculo, de postar nas redes, de tecer comentários, fazer críticas, isso ajuda o espetáculo a correr por aí.
E também, sobre a responsabilidade, uma coisa que nos deixou muito feliz foi a presença de três dos quatro filhos do Belchior. A gente teve a presença do Mikael, da Camila e da Vannick. E o fato deles terem gostado muito da peça e nos incentivarem muito a fazer o espetáculo nos dá uma certeza do que estamos mostrando. Pra mim, como realizador do espetáculo, e eu também falo por todos que estão dentro dele, não teve nada mais gratificante do que esta aprovação da família, dos filhos especificamente.

Pedro Nêgo, diretor musical do espetáculo:
Pedro, como surgiu o convite para esta empreitada? Aproveite para contar um pouco sobre sua história profissional.
Eu e Pedro Cadore somos amigos já há muito tempo, e no réveillon de 2018 para 2019, ele tava conversando sobre projetos e tal, eu comecei a falar empolgado, e no dia da virada ele me convidou, puta presente de réveillon. E a gente começou a trabalhar junto e pensar no espetáculo. Cara, no meu trabalho profissional eu sou guitarrista do Choque do Magriça, que é uma banda aqui do Rio, que tem um EP, está no Spotify, pra quem quiser procurar. Eu trabalho muito com teatro, já fiz algumas direções musicais, trilhas, enfim. Tocando também ao vivo por peças, e eu e Pedro Cadore também já trabalhamos juntos num longa que ele co-assina a direção com o Daniel Belmonte, que é o B.O., enfim, eu e Cadore nos conhecemos há muito tempo, e a gente se admira há muito tempo, e acho que foi um encontro muito legal exatamente por isso, pelo tempo de serviço e tempo de amizade.
Como era/é sua relação com a obra poético-musical de Belchior?
Minha relação com o Belchior antes era uma relação de quem gosta de música, conhecia a obra dele, não muito a fundo, mas é um cara que eu admirava muito a obra, mas não era fã. Conhecia pouco, de certa forma, conhecia pouco. Mas quando foi me apresentado o projeto eu embarquei nele e realmente eu vi que ele cara era um cara que transcendeu a ideia de arte. De música, de poesia, de dialética, da forma de chegar no outro, enfim, ele foi um ser desprendido também, aí eu virei fã (risos).
Os arranjos me pareceram bastante fiéis às gravações originais. Algo precisou ser adaptado em termos de tonalidade, introspecção e finalizações, ou na forma de maneira geral?
Cara, em relação aos arranjos, quando o Cadore me chamou, eu até sugeri da gente tentar pensar, dar uma modernizada, fazer uns arranjos mais pra agora, tentar trazer uma coisa mais de sintetizador, sei lá, tentar puxar alguma coisa mais atual. Que nem é atual sintetizador hoje (risos). Tentar, sei lá, atualizar. Mas as músicas foram escolhidas pra contar histórias, elas já vieram colocadas no lugar certo assim, e junto com a dramaturgia, junto com o texto do Pedro e da Cláudia. Então a gente foi percebendo que realmente a gente querer botar uma assinatura além do que Belchior já tinha assinado, era besteira. Curioso que ele também fazia da mesma música um milhão de versões, então a gente teve este trabalho pra escolher qual melhor versão da música que entraria na peça, pra caber na peça. Não que a gente achasse a melhor versão, mas que caberia no espetáculo.
Em relação à tonalidade, cara, o Pablo é um cantor absurdo, inclusive indico o disco dele, o EP Amorastênico, tem no Spotify se quiser escutar, só composições dele, ele é um cara que tem um ouvido muito, muito, muito bizarro, canta demais, inclusive foi até engraçado, porque na Como Nossos Pais, a gente tinha puxado o mesmo tom da música anterior, só que quando a gente viu assim, não cabia, porque ele puxa sozinho. A gente modulou o tom por ele, ele modula sozinho, e quando a banda entra, entra bonito pra caramba, porque ele tem um entendimento, um ouvido absurdo, e uma voz maravilhosa. E a gente teve que adaptar só pra voz dele, mesmo, algumas músicas, mas foi só pra ficar mais brilhante na voz dele, porque ele é um cara muito sinistro de afinação, de ouvido, Pablo é foda.
Em relação a finalizações, meios, enfim, é uma coisa que eu sempre prezo no teatro. Porque o teatro é vivo, né? Então eu sempre prezei por dinâmica, e como tem muita música base que fica durante o texto, eu trabalhei muito isso com a banda assim, de diminuir dinâmica, de aumentar dinâmica, a deixa, independente de onde estiver o acorde, ou o lugar da música, você vai finalizar bonito, então foi um treinamento muito específico neste sentido. Porque você pode estar no meio do compasso, você pode estar em qualquer lugar, mas cara, termina esta, independente da posição, não precisa terminar teoricamente bonito e perfeito, de acordo com a teoria musical, mas se você for com a teoria do teatro, vai ficar bonito. Você pode deixar o acorde solto, você pode… mas foi isso, as finalizações foram pensadas de acordo com deixas, e sempre com calma, sem ansiedade, porque é uma coisa fluida, uma coisa leva à outra, então se você corta, você já corta o próxima ação. Então é isso, foi trabalhar muito a dinâmica e muito improviso, neste sentido.
Que tipo de cuidados técnicos envolve uma montagem deste tipo?
Os cuidados técnicos são basicamente cuidados de banda. Ensaio… Na hora da passagem de som todo mundo estar lá na hora (risos)… Todo mundo estar se ouvindo… é uma banda. Batera, percussão, guitarra, baixo, teclado, sopro, voz. Em relação ao teatro, neste caso desta peça é importante o lapela não deixar de funcionar, porque o ator, o Bruno, é o cara que não pode pegar outro microfone reserva ali an hora, não pode pegar um microfone bastão, ele tá com lapela, cuidar muito bem destes microfones e entender que tá todo mundo se ouvindo e os microfones estão funcionando. É basicamente show, mas se fosse show, você pode parar e falar “ih, deu erro aqui na guitarra”, e voltar e fazer uma jam, mas no teatro não. Então as coisas tem que estar muito certas, não pode ter falhas. Conferir sempre pilhas, conferir sempre cabos, conferir sempre retorno, enfim, é isso. É o básico de show, mas com mais cuidado, porque não pode dar problema no meio.
A mesa tem de ser operada por um membro da equipe ou pelo pessoal da casa? Pergunto porque imagino que também seja complexo mixar as vozes dos atores com o instrumental sem que este abafe aquelas.
Em relação a técnico, a gente não tem o técnico do espetáculo em si. Geralmente a gente trabalha com um técnico específico (da casa). Mas foi o que eu tinha falado antes, a gente trabalha muito a dinâmica da banda, então o técnico que saca, que saca minimamente de música e de som, ele vai entender onde precisa aumentar e diminuir. Mas a banda também está toda preparada pra qualquer perrengue que der. Então eu confio muito no palco neste sentido, porque a dinâmica ela vai vir e vai dar esta cama necessária. Pô, na estreia deu problema na lapela do Bruno, que a banda teve que quase não tocar, mas é isso, todo mundo tocou muito baixinho, e o Bruno sem microfone, num teatro pra 700 pessoas, conseguiu ser ouvido. Então é o que eu acho, o teatro é vivo, tá al. Você precisa estar ligado, você nua pode seguir uma partitura e só focar nela, você tem que estar vendo o entorno e vendo tudo. Então estes músicos são muito, muito maneiros, por isso, porque eles tem uma sensibilidade muito legal de perceber que você precisa tirar a mão, precisa jogar mais, enfim, eles tem dinâmica, e foi o que eu tentei trabalhar muito durante os ensaios antes da gente estreia.
No dia que assisti (domingo), o baixista pareceu ser outro que não o que aparece nas fotos de divulgação. Era um “sub”? Há um sub pra cada integrante?
Nesta apresentação o baixista era sub sim, era o Fabio Rocco, ele é sub do Dudu Dias. A banda foi montada com pensamento de juntar uma galera que já trabalharam em musical, e também pessoas de diferentes lugares, por exemplo, a Emília, que é a baterista, a gente já tinha tocado juntos em algumas gigs, já tínhamos feito algumas coisas juntos, achei legal chamá-la.
A Mônica Avila, do sax e flauta, ela toca na Abayomy também, ela é maravilhosa. Às vezes tem percussão, que é o com Cacá Franklin, que é um ótimo percussionista também, originalmente o tecladista era o Nelsinho Freitas, e o Rico Farias na guitarra e no violão. São músicos que já trabalham em musical, foi através daí também que vieram as indicações, e são só pessoas fantásticas, com uma escuta muito aberta, pra dinâmica, pra tudo. Foi uma banda muito legal que foi formada. E em musical geralmente cada músico tem seu sub, porque como tem muita agenda, muita oportunidade de show, às vezes o titular, o oficial da banda, não pode, e a gente combinou, é um combinado de cada um ter um sub e ensaiar o seu próprio sub.
Então nunca foi uma questão, geralmente sempre quando alguém tem que ser substituído, já vem o substituto com tudo escrito, tudo certinho, tudo já ensaiado e bem feito, isso também é legal pelo profissionalismo da galera. O pessoal segura e segura bem os subs, e ninguém deve nada a ninguém neste sentido, os músicos são maravilhosos.
Atualmente o nosso tecladista é o Thomas Lenny, que é o oficial agora, porque o Nelsinho passou o bastão e ele assumiu lindamente. Então são músicos experientes, o Dudu Dias por exemplo tocou com milhões de pessoas, é um baixista maravilhoso, tocou com Alcione… o Rico, guitarrista, também toca com a Cidade Negra, com o Gabriel do Baile Charme Show… É uma galera muito, muito boa, muito maneira e muito profissional.
FICHA TÉCNICA:
Direção: PEDRO CADORE
Roteiro: CLÁUDIA PINTO e PEDRO CADORE
Atores: BRUNO SUZANO e PABLO PALEOLOGO
Músicos: DUDU DIAS/FABIO ROCCO (baixo), EMILIA B. RODRIGUES (bateria), MONICA AVILA/MARINA BASTOS (sax/flauta), e RICO FARIAS (violão/guitarra) e THOMAS LENNY (teclado)
Direção Musical: PEDRO NÊGO
Iluminação: RODRIGO BELAY
Direção de Arte e Cenografia: JOSÉ DIAS
Visagismo: BETO CARRAMANHOS
Produção Geral, Assessoria de Imprensa e Marketing: JOÃO LUIZ AZEVEDO
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