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Os 45 anos de Led Zeppelin IV

Atravessar décadas e gerações não é para qualquer disco. Somente as obras primas resistem ao teste do tempo. E se é bem verdade que todos os discos do Zeppelin são imprescindíveis, nenhum dos outros alcançou tamanho grau de sucesso. Suas oito faixas conduzem o ouvinte a uma verdadeira viagem sonora – com o perdão do clichê.

Dos riffs quentes de Black Dog e Rock and Roll ao jogo de luz e sombra de Stairway to Heaven. Dos mandolins folks de Going to California à profundidade de When the Levees Breaks. Embora os elementos de soul, blues, rock, folk irlandês e música clássica já aparecessem em outros álbuns, foi aqui que se fundiram num amálgama sonoro, consagrando este disco um dos mais importantes da história do rock.

A banda registrou o álbum entre fins de 1970 e fevereiro de 71. Nos meses seguintes, as faixas seriam mixadas, e a lendária capa, elaborada. A 08 de novembro de 1971, a Atlantic lançava o quarto disco do Led Zeppelin. O resto é história.

Um álbum sem nome

Como os três primeiros discos se chamam Led Zeppelin III e III, o quarto pela lógica seria o IV. E é assim que boa parte dos fãs o chamam, embora ele também seja chamado por outros nomes. Four Symbols, Runas e Zoso são outros dos nomes mais comuns. Mas o fato é que Jimmy Page queria mesmo que o disco não tivesse nome.

“Depois de tudo o que havíamos conquistado, a imprensa ainda nos via como uma jogada comercial. E foi por isso que o quarto álbum não teve título. Foi um protesto sem sentido, na verdade, mas nós queríamos provar que as pessoas não compravam nossos discos apenas pelo nome impresso na capa.”

– Jimmy Page, em entrevista à Guitar World, citado no livro Whole Lotta Led Zeppelin, de Jon Bream.

Uma das mais icônicas capas do Rock

Uma das capas mais reconhecíveis e famosas, não tem como olhar pra ela sem lembrar das músicas do disco. Muito já se discutiu sobre os possíveis significados de sua capa, e talvez a graça resida justamente aí. No entanto, se queremos uma explicação mais “oficial”, nada melhor que dar palavra ao homem por trás da obra:

“Eu costumava passar um bom tempo em brechós procurando coisas que outras pessoas dispensavam. Eu encontrava alguns móveis, essas coisas muito legais de Arts and Crafts que as pessoas simplesmente jogavam fora. Robert estava comigo uma vez, numa dessas buscas, e fomos a lugar em Reading onde as coisas ficavam em pilhas. Robert encontrou a foto do senhor com as varas e sugeriu que aproveitássemos aquilo na capa de algum jeito. Então decidimos contrastar o arranha-céu moderno no verso com o velho e suas varas – você vê a destruição do antigo e a entrada do novo.”

A maravilhosa arte de capa e contracapa de Led Zeppelin IV – A destruição do antigo e a entrada do novo

“Nosso coração estava tão afinado com os tempos antigos quanto com o que estava acontecendo, embora nem sempre estivéssemos em concordância com o novo, mas acho que o mais importante foi que estávamos certamente mantendo o ritmo… quando não nos superando.

A tipografia da letra de Stairway to Heaven teve minha colaboração. Encontrei numa revista muito antiga de Arts and Crafts chamada The Studio, lançada no final do século XIX. Achei a tipologia tão interessante que consegui alguém para montar o alfabeto inteiro.”

– Jimmy Page, em entrevista a Brad Tolinski, da Guitar World, no livro Luz & Sombra – Conversas com Jimmy Page.

O Eremita

Na capa interna, havia o famoso desenho cuja inspiração veio das cartas do Tarô. A imagem mostra um eremita, com uma lâmpada na mão.

“A capa interna foi pintada por um amigo meu, Barrington Colbys. É basicamente a ilustração daquele que busca, aspirando à luz da verdade.”

– Jimmy Page, citação retirada do já referido Luz & Sombra.

O Eremita da capa interna, em material de divulgação de Led Zeppelin IV

Curioso que muitos pensaram tratar-se de mais uma referência à obra de Tolkien, que aparece em algumas músicas. Mas é importante lembrar da conhecida ligação de Page com o ocultismo, que estudava a obra do bruxo Aleister Crowley. Além disso, há a ligação com o personagem que Page interpreta na sequência ficcional de The Song Remains The Same.

Este filme (indispensável), além de mostrar a banda em seu auge, traz uma história fictícia com cada um dos membros. Algumas das cenas são meio nonsense, evocando cenas de heroísmo tiradas de livros de fantasia medieval. Mas as cenas de Page são bonitas e simbólicas, com ele incorporando O Eremita, o Sábio do tarô.

Four Symbols

Além destes detalhes na concepção da capa, Page ainda acrescentou mais um item que se soma à mística do Zeppelin. Mostrando O livro dos Símbolos aos colegas de banda, sugeriu que cada um escolhesse um símbolo que os representasse.

O símbolo escolhido por John Paul Jones afasta o mal, segundo o autor do livro, Rudolph Koch. A runa escolhida por Bonham representa a união de sua família.

Page e Plant desenvolveram seus próprios símbolos. Sobre o seu, Plant declarou a Nigel Williamson: “Minha escolha envolvia a pena, um símbolo no qual todas as filosofias foram baseadas. Representa coragem, por exemplo, para muitas tribos indígenas. Gosto que as pessoas sejam sinceras. Sem conversa mole. Era isso que eu queria dizer.”

O símbolo criado por Page se assemelha à escrita da inexistente palavra ZoSo. Daí o fato do disco ser chamado assim por parte dos fãs. Alguns acreditam tratar-se de uma referência a outro místico, mas Page nega e diz que é um desenho abstrato sem significado.

Four Symbols – Os quatro símbolos escolhidos pelos membros do Led Zeppelin, representando, respectivamente, Jimmy Page, John Paul Jones, John Bonham e Robert Plant
Uma banda prestes a se tornar lenda

Artisticamente, a banda estava no auge, prestes a entrar em seu ápice criativo, mas comercialmente as coisas não iam bem. As vendas do então mais recente álbum, Led Zeppelin III, não obtiveram o resultado esperado. Além disso, embora sucesso de público, o Zep ainda sofria com o ceticismo e as críticas impiedosas da mídia especializada.

Embora a banda já estivesse estabelecida como uma das maiores, seu futuro ainda era, de certa maneira, incerto. Uma mostra disso é a declaração que Bonham deu na época a um jornalista, no contexto da venda relativamente baixa do III: “Nós podemos estar no topo no ano que vem, ou eu posso estar de volta aos prédios”, querendo dizer que poderia ter de voltar a trabalhar na construção civil.

Mas seu sucessor não apenas superaria as expectativas de venda, como erigiria a banda à condição de Deuses do Rock. Quase todas as faixas se tornaram hits radiofônicos, presentes até hoje na programação das rádios rock mundo afora. Algumas destas canções ajudaram a estabelecer a pedra fundamental do Rock and Roll, como a própria faixa homônima do gênero.

A banda estava em todo seu esplendor criativo, em termos de composição, execução, interpretação e improvisação. As fotos e entrevistas coletivas da época traduzem o quanto a banda estava unida e coesa como grupo. Sobre esta unidade, anos mais tarde John Paul Jones daria uma declaração completa e elucidativa a Brad Tolinski:

“Outro segredo era sermos membros de uma banda sem interesses pessoais. Todo mundo estava afinado com todo mundo, todo mundo ouvia todo mundo. Isso era o fundamental. Nunca houve a sensação de ‘o que estou fazendo?’. Era sempre ‘o que a banda está fazendo?’.

Éramos muito próximos, o que promovia um clima de ‘nós contra eles’. Sabíamos o que tínhamos que fazer e sabíamos como; fora isso, não queríamos ser incomodados. Tínhamos a mesma atitude com respeito à gravação. Nosso empresário, Peter Grant, fez um bom trabalho de manter todo mundo à distância, e isso garantiu que mantivéssemos o foco no trabalho.

Não há mistério algum. Sempre nos demos bem. Não tínhamos vida social juntos quando não estávamos em turnê, mas sempre era bom quando um encontrava o outro. Nunca passamos por aquela fase de briguinhas de que sempre se ouve falar nas outras bandas. Compartilhávamos um espírito de profissionalismo. Éramos sempre responsáveis. Deve dar para contar nos dedos o número de shows do Led que foram cancelados. Sempre estávamos onde devíamos estar.”

“Quando os deuses caminhavam sobre a terra” – Plant e Page em seus dias de glória, em foto de Laurance Ratner
Headley Grange

Boa parte do disco anterior, Led Zeppelin III, foi composta nas montanhas do País de Gales, em Bron-Yr-Aur. Este local de nome quase impronunciável foi onde o Led se hospedou, em busca de isolamento e inspiração.

Page e Plant tinham gostado do resultado deste retiro, e agora queriam levar a banda inteira pra uma experiência semelhante. Desta vez, se instalaram num casarão antigo chamado Headley Grange, no interior da Inglaterra, construído no final do século XVIII.

Faixa a faixa
Black Dog

Por anos, revistas de guitarra cometeram um erro crasso, ao listar Black Dog como um dos maiores riffs de guitarra já compostos. Na verdade, este poderoso riff foi composto no baixo, por John Paul Jones.

“Eu queria tentar um blues elétrico com um baixo ondulante. Mas não podia ser simples demais. Eu queria que ele rolasse sobre si mesmo. Mostrei a ideia aos caras, e caímos de cabeça nela. Lutamos com a virada, até que Bonham sacou que a ideia era continuamos em 4/4 como se não houvesse virada. Esse era o segredo. Enfim, escolhemos o nome dela em referência a um cachorro preto que entrava e saía do estúdio o tempo todo. O cachorro não tinha nome, então simplesmente demos à música o nome Black Dog.”

– John Paul Jones, citação tirada de Whole Lotta Led Zeppelin.

Page conta um pouco mais sobre o inusitado visitante:

“Era um cachorro velho, sabe quando eles já estão com aqueles bigodes brancos no focinho? Quando ele sumiu uma noite nós todos pensamos que ele tivesse caído na farra, porque quando voltou dormiu o dia inteiro. E ficamos todos nós ali pensando – e aí, velhão, curtiu todas estas noite… E foi isso. Acabou virando uma piada. Sempre que alguém ia até a cozinha, lá estava ele todo largado…”

– Jimmy Page, citação tirada de Quando os gigantes caminhavam sobre a terra, de Mick Wall.

Um cachorro preto em frente à casa em Headley Grange, em foto clássica de Ross Halfin. Aqui foi composta a maior parte do material de Led Zeppelin IV
Rock and Roll

A parte de piano, normalmente gravada por John Paul Jones, nesta música foi registrada pelo lendário pianista do Rolling Stones, Ian Stewart. Na época ele era responsável pelos equipamentos do estúdio móvel dos Stones, que o Led alugou pra registrar o IV. Assim, quando ele levou as coisas para Headley, foi inevitável que rolassem jam sessions entre eles.

“John Paul Jones era quem geralmente tocava teclado para nós, mas ele não teve problema nenhum em deixar Stu tocar piano em Rock and Roll. Quando se tem a chance de usar um mestre num estilo específico, você dá um passo para trás e simplesmente curte o que vier.”

– Jimmy Page, citação tirada de Luz & Sombra.

The Battle of Evermore 

Uma das composições a se beneficiarem diretamente do clima propiciado pela estadia em Headley. É assombroso imaginar que Page tenha criado-a no bandolim, um instrumento com o qual não tinha nenhuma intimidade:

“Lembro de que descemos uma noite e o bandolim de Jonesy (John Paul Jones) estava lá. Ele sempre deixava uma porção de instrumentos espalhados. Eu nunca havia tocado bandolim e peguei o instrumento e comecei a mexer, e então saiu The Battle of Evermore inteira. Isso nunca teria acontecido se estivéssemos em uma situação normal de estúdio.”

– Page, citação tirada de Quando os gigantes caminhavam sobre a terra, de Mick Wall.

Esta é a única música de toda a discografia do Led a trazer outra voz ao lado da de Plant. Seu canto é pontuado por um vocalize suave de Sandy Denny, a ex-vocalista da Fairport Convention. A letra foi criada por Plant inspirada em seu interesse pela obra de Tolkien e fantasia medieval em geral.

“É mais um libreto do que uma música. Por isso, enquanto eu cantava os eventos narrados na canção, Sandy respondia como se fosse o povo que participava das batalhas. Sandy fazia os gritos que incitavam as pessoas a se desfazer de suas armas.”

– Robert Plant, citação tirada de Quando os gigantes caminhavam sobre a terra, de Mick Wall.

Sobre a experiência, a cantora declarou: “Saí do estúdio me sentindo um pouco rouca. Ter alguém superando você é uma sensação horrível…”

Bandolim, ou mandolin, tipo de instrumento usado por Page na composição e gravação de The Battle of Evermore
Stairway to Heaven

Foi composta em Headley Grange, mas ao contrário de outras cujas bases que foram registradas lá, esta precisou de um estúdio. Um dos motivos é seu arranjo sofisticado, com violão, piano e flautas, além dos tradicionais guitarra, baixo e bateria.

A base da música foi gravada com uma Fender de 12 cordas, e a maioria dos riffs na parte final da música, com uma Gibson Les Paul. Page sempre teve carinho pelas Les Paul, mas esta guitarra era especial. Trata-se da Les Paul’59 que lhe foi dada por Joe Walsh, dos Eagles. Já o solo, um dos mais famosos de todos os tempos, foi gravado numa Telecaster (um modelo da Fender). É esta mesma Tele que registrou boa parte dos hits do primeiros disco do Led.

O solo soa tão orquestrado que parece ter sido composto nota por nota, mas Page afirma que ele foi improvisado. “Eu já tinha montado a primeira frase, e umas frases de ligação aqui e ali, mas no geral o solo foi improvisado. Acho que usei um Marshall.”

Segundo Charles R. Cross, autor do livro Shadows Taller Than Our Souls, Page gravou apenas 3 takes para este solo. O escolhido acabou sendo o primeiro. Aqui cabe uma explicação adicional para os não guitarristas. Muitos músicos gravam dezenas de takes para conseguir uma versão final, algo comum nesta época. Mas músicos como Page acreditam que os primeiros takes captam a verdadeira essência da música. Segundo esta visão, a música perde força interpretativa a cada nova tentativa de registro. À luz desta informação, é bastante sintomático que um dos melhores solos da história tenha sido captado de primeira.

Cross ressalta o peso simbólico que esta canção alcançou, lembrando que ela já foi tema de diversos estudos acadêmicos. Sobre este clássico, ele ainda recorda que é um erro pensar que se tornou um sucesso radiofônico imediato. As primeiras reações às suas execuções ao vivo – ela foi tocada pela primeira vez em março de 1971 – foram relativamente frias. Mesmo após o lançamento do disco, demorou mais de um ano até que se tornasse onipresente nas ondas sonoras. Os locutores das rádios FM estadunidenses desempenharam um papel importante nesta trajetória, inundando suas programações com ela.

Misty Mountain Hop

Outra faixa com referências a Tolkien, na qual Plant compara os hippies com os heróis de O Hobbit. Mas a real inspiração da letra teria sido uma batida policial atrás de drogas, ocorrida em Los Angeles. Segundo Mick Wall, o solo de Page foi criado no momento da gravação.

Four Sticks 

O nome da música (“quatro baquetas” em inglês) já dá as pistas de como ela surgiu e foi registrada. Enciumado após ver uma performance enérgica na bateria do também genial Ginger Baker, Bonham começou um ensaio pegando quatro baquetas na mão e tocando o que viria a ser a introdução da música, inspirando os demais integrantes a dar continuidade a ela.

O selvagem e genial John “Bonzo” Bonham surtando na bateria
Going to California 

Praticamente um hino hippie de amor à cidade que se tornou seu segundo lar nos anos 70. Mas é algo consensual que a musa inspiradora desta bela balada tenha sido Joni Mitchell. Tanto Page quanto Plant andavam encantados pela obra, e provavelmente, pela compositora em si. Plant confirmou a Mick Wall: “Quando você se apaixona por Joni Mitchell, você realmente precisa escrever a respeito agora e sempre.” Um dos mais belos trabalhos acústicos do Led, e provavelmente a música que mais remete ao material do álbum anterior.

When the Levee Breaks

É uma versão autoral de um blues de Memphis Minnie e Kansas McCoy, um lamento sobre as enchentes que castigavam alguns estados do sul dos Estados Unidos na década de 1920. Desta vez, Plant e Page resolveram incluir os créditos de co-autoria, provavelmente temendo novos processos judiciais (algumas faixas de seus discos anteriores tiveram sua autoria contestada nos tribunais).

Considerada por muitos a música mais avançada do álbum, do ponto de vista técnico e sonoro. Ao mesmo tempo, representa uma volta às raízes calcadas no blues. A gaita de Plant e o slide de Page se complementam de forma arrebatadora.

Page sempre teve fama de obter ótimos timbres de bateria, como produtor, mas aqui ele se superou. Esta faixa representa um marco temporal entre duas eras, a partir de então, seria impossível ignorar os avanços técnicos propiciados pelo experimentalismo de Page.

Curiosidades
A guitarra de dois braços

Stairway to Heaven tem trechos importantes da base gravados numa guitarra de 12 cordas, que tem um som peculiar. Ela se toca praticamente da mesma maneira que uma guitarra normal, já que são seis pares de cordas. Em cada um destes pares, as cordas ficam bem próximas uma das outras. Assim, quando o guitarrista digita uma nota, pressionando uma corda, está na realidade pressionando duas ao mesmo tempo.

Os dois pares mais agudos tem seu som dobrado, acrescentando massa sonora, deixando o som mais cheio. Já os quatro mais graves tem seu som dobrado, mas a segunda corda de cada par é bem mais fina. Assim, invés de reproduzir o som normal, a segunda nota aparece oitavada pra cima (a mesma nota, mas mais aguda).

Já o magistral solo é tocado numa convencional, de seis cordas (guitarras de 12 são mais apropriadas para bases). Seria inviável trocar de instrumento no meio da canção, mesmo com ajuda de roadies. Page precisava passar da base ao solo com agilidade, e a solução era uma guitarra de dois braços.

Ao contrário do que muitos pensam, Page não inventou o conceito de uma guitarra de dois braços, que já existiam. Mas a Gibson desenhou um modelo de SG com dois braços a pedido dele, exatamente para tocar a famosa balada ao vivo. De modos que se não é o inventor, Page é certamente o responsável por popularizar este tipo de instrumento.

Jimmy Page e sua Gibson SG de braço duplo, um dos instrumentos mais icônicos do rock
A turbulenta – literalmente! – história da mixagem

Page é o produtor do álbum, mas contava com o auxílio do engenheiro de som Andy Johns, que o convenceu a mixar o trabalho num dos mais renomados estúdios do planeta, o Sunset Sound.

Assim que Page chegou a Los Angeles, foi surpreendido por um dos relativamente frequente terremotos californianos, e se deu conta da ironia do momento, já que a letra de Going to California tem um verso que cita “montanhas e cânions começam a tremer e balançar”, e decidiu deixar a mixagem desta música por último.

Mas, após concluir as mixagens, algo pra lá de misterioso aconteceu. Ao voltar pra Inglaterra, foram ouvir as fitas junto com os demais membros da banda, mas havia algo errado. O som estava péssimo, não havia graves, todos acharam horrível. Talvez tenha sido ação de algo que desmagnetizou as fitas, ou algo mais bizarro, mas o estrago estava feito.

O jeito era remixar, e Page fez isso na Inglaterra, no estúdio Island. Page gostou dos resultados destas sessões, mas por algum motivo, não conseguia acertar o mix obtido anteriormente em When the Levee Breaks. Resolveu ouvir as trilhas da mixagem feita no Sunset, pra tentar descobrir o que dera errado desta vez. Miraculosamente, ao contrário das demais faixas, que se estragaram na travessia do Atlântico, esta estava intacta. Assim, a única das mixagens realizadas no Sunsetpresentes no disco é da faixa que o encerra.

Legado e relevância histórica

Até hoje, Led Zeppelin IV já vendeu mais de 23 milhões de cópias, somente nos Estados Unidos. É o terceiro álbum mais vendido na história daquele país. As estimativas atuais para seu desempenho mundial atingem a cifra de 34 milhões de cópias.  As vendagens foram tão significativas que, por volta de dois anos mais tarde, o Zeppelin sozinho representaria cerca de 25% do faturamento total da Atlantic Records, uma grande gravadora, com dezenas de artistas em seu casting.

A despeito dos números, sem dúvida impressionantes e respeitáveis, a importância do disco suplanta largamente seu êxito comercial. Uma das obras definidoras da sonoridade dos anos 70, daquelas destinadas a se incorporar ao imaginário coletivo. Seria impossível contar quantos meninos e meninas decidiram tocar um instrumento, ou montar uma banda, logo após sua primeira audição.

Se é surpreendente constatar seu vigor artístico após 45 anos, não despropositado imaginar que daqui a mais 45 este álbum se mantenha tão relevante.

Qual a importância deste disco na sua vida? Compartilhe com seus amigos este artigo e suas impressões sobre um dos maiores discos de rock de todos os tempos.

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